Pular para o conteúdo principal

Esôfago de Barret

Paciente com Endoscopia Digestiva Alta apresentando gastrite leve antral, porém com esôfago de barret. Qual a dose de omeprazol diário devo manter nesta paciente?
A próxima Endoscopia deve ser realizada com quanto tempo para controle do Esôfago de Barret?  


Como é do seu conhecimento o esôfago de Barrett decorre da persistência do refluxo gastroesofágico, dado a uma adaptação da mucosa do esôfago em resposta à agressão ao suco gástrico refluído, tornando esta mucosa mais resistente ao líquido ácido agressor, configurando-se aspecto metaplásico .

Há uma variação quanto a extensão da lesão esofágica e que está diretamente relacionada à severidade do refluxo, podendo caracterizar o que se denomina esôfago de Barrett curto (“short”) ou longo (“long”). Ou seja, quanto maior a intensidade do refluxo gastroesofágico, maior a tendência ao aumento da área comprometida. Os esôfagos de Barrett curtos (menor de 3cm) têm uma incidência de displasia, que é uma alteração celular pré-maligna, menor do que os longos (maior que 3cm), o que também ocorre em relação ao câncer de esôfago. No entanto, independentemente das dimensões das lesões e riscos associados, o esôfago de Barrett deve ter acompanhamento regular.

O esôfago de Barrett é uma alteração geralmente diagnosticada durante a endoscopia digestiva e confirmado através de biópsias da região acometida. Como o refluxo gastroesofágico se associa firmemente com o esôfago de Barrett, nos quadros de queimação retroesternal (no tórax) crônica, é importante que os pacientes sejam submetidos a endoscopia digestiva para avaliação esofágica.

Quanto à epidemiologia da doença, o esôfago de Barrett ocorre mais frequentemente em adultos de média idade (55 anos) e idosos, acometendo duas vezes mais homens que mulheres, com uma incidência na população geral de 0,9 a 4,5%. Este tipo de lesão não causa sintomas, e quando estes estão presentes são associados ao refluxo gastroesofágico, caracterizados principalmente por queimação e regurgitação.

A estimativa anual de cânceres de esôfago originários em pacientes com esôfago de Barrett varia de 0,2 a 2%, e apesar do risco de desenvolvimento tumoral ser 30 vezes maior que na populção geral, o risco absoluto é relativamente pequeno. Por isso, os paciente com esôfago de Barrett devem ter acompanhamento médico contínuo, mas não devem de forma alguma desenvolver angústia exagerada em relação ao diagnóstico.

O tratamento do esôfago de Barrett se orienta em três cuidados principais: o tratamento do refluxo gastroesofágico, o acompanhamento endoscópico, e o tratamento das complicações da lesão esofagiana (displasia). Em relação ao tratamento dos sintomas de refluxo, eles não se alteram em relação aos casos de refluxo com ou sem esôfago de Barrett. Estas medidas incluem melhoria dos hábitos alimentares ( retirada da caféína, fumo, chocolate, refrigerantes, álcool, condimentos dentre outros), alimentar-se de três em três horas em menor volume, perda de peso e, principalmente, medicações que diminuam a acidez gástrica de forma efetiva. A cirurgia é uma opção para o tratamento do refluxo, mas deve ser realizada em casos severos e de difícil tratamento medicamentoso, já que a realização da cirurgia não diminui a incidência do câncer esofágico.

Em relação ao acompanhamento endoscópico dos casos de esôfago de Barrett, ele tem como principal intenção diagnosticar o quanto antes as alterações celulares pré-malignas, como a displasia A displasia, que é uma alteração celular mais grave que a metaplasia (esôfago de Barrett), fornece subsídios às células esofágicas para que estas se malignizem

 As displasias são classificadas em baixo e alto grau. As displasias de baixo grau (poucas alterações celulares) devem ser acompanhadas de forma muito próxima com endoscopias anuais, sendo realizadas biópsias seriadas da região comprometida. Por outro lado, a dispasia de alto grau (muitas alterações celulares) pode necessitar da retirada desta mucosa por endoscopia (mucosectomia) ou técnicas ablativas, e nos casos com comprometimento mais extenso até mesmo a retirada do esôfago acometido (esofagectomia) pode ser indicada.

Entendo que o quadro de gastrite antral seja secundário ao RGE. Desta sugiro além das medidas higieno-dietéticas (importantíssimas!) fazer uso de inibidor de bomba 1 x ao dia 20 mg

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Lista de divindades romanas de nascimento e de infância

Na religião romana antiga, acreditava-se que as divindades do nascimento e da infância cuidavam de todos os aspectos da concepção, gravidez, parto e desenvolvimento infantil. Algumas divindades importantes da religião romana tinham uma função especializada que contribuíam para essa esfera da vida humana, enquanto outras divindades eram conhecidas apenas pelo nome com o qual eram invocadas para promover ou evitar uma ação específica. Várias dessas pequenas "divindades do momento" [1] são mencionadas em textos sobreviventes apenas por polemistas cristãos. [2] Uma extensa literatura médica grega e latina cobria a obstetrícia e o cuidado infantil, e o ginecologista grego do século II, Sorano de Éfeso, aconselhou as parteiras a não serem supersticiosas. Mas o parto na antiguidade permaneceu uma experiência de risco de vida para a mulher e seu recém-nascido, com mortalidade infantil tão alta quanto 30 ou 40 por cento. [3] Os ritos de passagem relativos ao nascimento e à morte tin

Imagens Dor

n000300

Escolar de onze anos é atendido com história de dor localizada em terço médio da coxa direita há cerca de cinco meses. A dor é predominantemente noturna, acorda o paciente com freqüência e cede com o uso de ácido acetilsalicílico. A melhor conduta para o caso é A) solicitar ultra-sonografia para avaliar hipótese de piomiosite tropical. B) solicitar radiografia de membros inferiores para avaliar a hipótese de neoplasia. C) solicitar a dosagem de enzimas musculares para avaliar a hipótese de dermatomiosite. D) tranqüilizar os pais explicando-lhes que o caso é muito sugestivo de dor do crescimento. E) solicitar eletroforese de hemoglobina para avaliar hipótese de anemia falciforme. Hospital Naval Marcílio Dias, Rio De Janeiro, 2001