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Tratamento de Triglicerídeos com Fibratos


O tratamento recomendado de maior eficácia para a hipertrigliceridemia é com os fibratos, indiscutivelmente, porém o custo do tratamento é significativamente alto e deve ser levado em consideração na escolha do tratamento. Negocie com seu paciente a possibilidade de manipulação do fenofibrato, que tem um custo melhor. Não há problema com seu uso prolongado, porém com a associação com LDL levemente aumentado, vale a pena pensar em usar as estatinas.

Outras drogas são também recomendadas, conforme a diretriz de dislipidemia da Sociedade Brasileira de Cardiologia, porém as mudanças de hábito de vida são sempre a primeira opção, com tratamento medicamentoso complementar, se necessário. Investigue bem uma possível alteração glicêmica, com possibilidade inclusive de realizar teste de tolerância, pois a elevação dos triglicerídeos está intimamente ligada a alteração glicêmica de base.

Seguem algumas orientações da diretriz:

“Excesso de peso, obesidade e síndrome plurimetabólica:
O excesso de peso (índice de massa corpórea – IMC>-25kg/m2), principalmente acúmulo de gordura na região abdominal, está associado a um maior risco de doença aterosclerótica. A medida da circunferência da cintura permite-nos identificar portadores de obesidade androgênica.
Risco muito aumentado: medida de cintura >88cm mulheres e >102cm nos homens.
Recomendação: Nesses indivíduos, enfatizamos que a mudanças de estilo de vida que levem à perda de peso, tais como exercício, dieta e, em casos específicos,  farmacoterapia é de extrema importância. (Grau de recomendação: B.  Nível de evidência: 2).
Mudanças do estilo de vida (MEV)

A) Tratamento dietético

Para a hipercolesterolemia recomenda-se dieta pobre em colesterol e gorduras saturadas. Para a hipertrigliceridemia, os que apresentam quilomicronemia, devem reduzir a ingestão de gordura total da dieta. Na hipertrigliceridemia secundária à obesidade ou diabetes, recomenda-se, respectivamente, dieta hipocalórica, restrição de carboidratos e compensação do DM. Abstenção do consumo de álcool é recomendada em todos os casos de dislipidemias. (Grau de recomendação: A. Nível de evidência: 2).
- Antioxidantes e álcool
Não se recomenda o uso destes alimentos para o tratamento das dislipidemias nem para a prevenção da aterosclerose. (Grau de recomendação: D. Nível de evidência: 1 para suplementação com os antioxidantes e 4 para o álcool).

B) Exercício físico
Devem ser adotadas, com freqüência de três a seis vezes por semana, sessões de em média, 40min de atividade física aeróbia. A zona alvo do exercício aeróbio deve ficar na faixa de 60% a 80% da freqüência cardíaca máxima, observada em teste ergométrico, realizado na vigência dos medicamentos de uso corrente. (Grau de recomendação: B. Nível de evidência: 2).

C) Tabagismo
O tabagismo deve ser combatido de forma agressiva. O tratamento do tabagismo passa por duas etapas: abordagem cognitivo comportamental e farmacoterapia. (Grau de recomendação: A. Nível de evidência: 2).

Tratamento medicamentoso das dislipidemias

A) Vastatinas ou estatinas ou inibidores da HMG-CoA redutase
São os medicamentos de escolha para se reduzir o LDL-C em adultos. Assim, para o tratamento adequado devem ser atingidas as metas de LDL-C propostas, utilizando-se as doses necessárias (lovastatina 20mg-80mg, sinvastatina 10mg-80mg, pravastatina 20mg-40mg, fluvastatina 10mg- 80mg, atorvastatina 10mg-80mg, cerivastatina 0,2mg-0,8mg retirada do mercado em agosto de 2001 para avaliação de segurança). Uma vez estabelecido o tratamento este deverá ser seguido por tempo indeterminado. As vastatinas devem ser suspensas caso haja aumento das aminotransferases >3 vezes os valores normais, ou se houver dor muscular ou aumento da creatinoquinase >10 vezes o valor normal. (Grau de recomendação: A. Nível de evidência: 1).

B) Resinas de troca
A colestiramina nas doses 16g-24g/dia reduz o LDL-C (15%-30%) e o risco de eventos coronarianos. É fármaco de escolha em crianças e como adjuvante às vastatinas. Não deve ser usada na hipertrigliceridemia. (Grau de recomendação: A. Nível de evidência: 2).

C)Fibratos: são indicados no tratamento da hipertrigliceridemia endógena quando houver falha das mudanças estilo de vida ou quando esta for muito elevada (>500mg/dL). Doses dos fibratos (genfibrosila 600mg-1200mg, bezafibrato 600 mg/dia e 400mg da forma de subtração lenta, etofibrato 500mg/dia, fenofibrato micronisado- 200mg/dia, fenofibrato 250mg/dia, ciprofibrato 100mg/dia). Têm papel na prevenção da aterosclerose clínica em indivíduos com as características dos estudos de Helsinki e VA-HIT. (Grau de Recomendação: A. Nível de evidência: 2).

D) Ácido nicotínico
Na forma tradicional, utiliza-se a dose de 2g a 6g/dia ajustadas conforme o efeito ou a tolerância. O acipimox dose 250mg até 3 vezes ao dia. (Grau de recomendação: B. Nível de evidência: 2.)

E) Ômega-3
Os ômega-3 reduzem os TG. A dose mínima recomendada é de 4g/dia. (Grau de recomendação: B. Nível de evidência: 2).

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